Para matar a saudade dos personagens e fazer a história render em um bom ritmo, 40 minutos é um tempo muito curto. Mesmo não sendo magnífico como os três primeiros, Three Boys mostra que a qualidade das séries da Showtime ainda está presente em Shameless, que exibiu um episódio muito bom, com uma boa história e o humor afiado de sempre.
William H. Macy está brilhante como Frank. Começou o episódio num consultório fazendo graçinha com pessoas doentes e após isso descobrimos que ele tem um “terceiro amigo” nas suas partes íntimas. Isso mostra o tipo de pessoa que ele é. Existe alguém no mundo que tenha uma doença e tire sarro com os doentes?
Eu diria que praticamente todas as cenas em que ele apareceu foram engraçadas. A parte da terapia foi insana: um monte de mulheres compartilhando os problemas que o câncer de mama as trouxe e Frank começa a falar coisas totalmente insensíveis e indiscretas sobre os seus próprios problemas. Diálogo que acaba numa afirmação de que Deus não existe e todos morrerão.
Frank: Saber que suas tetas podem te matar... Isso deve ser uma droga.
Depois de uma biópsia e muita preocupação, Frank descobre que tem um tumor benigno. Resultado que o salvou de ir para uma reserva de Sheila no Cemitério Oak Woods. Segundo ela, nada a deixaria mais feliz que enterrá-lo num dos túmulos.
Já cansei de falar que tenho pena dessa mulher. A cena em que ela tenta sair de casa para ir ao casamento foi a mais dramática do episódio. O pior de tudo foi o seu marido (?) Eddie a desencorajando, dizendo que o sol ia cair. Fiquei novamente angustiado vendo a sua tentativa ir por água abaixo e com um nó na garganta por vê-la fracassar mais uma vez.
Carl finalmente foi relevante num episódio. Agrediu um padre e presenteou o telespectador com a cena onde bota o seu peixe no micro-ondas e a família fica incrédula olhando para ele. Momentos ‘sem vergonha’ foram os que não faltaram. Fiona e Veronica roubando papel higiênico de um banheiro público e Fiona trocando sua urina por comida são exemplos.
Lip não teve grande destaque no episódio. Ian foi quem trouxe as atenções para si desta vez. Ele mostrou que se preocupa com o seu relacionamento com Kash, pois se sentiu mal na casa do cara vendo todas aquelas fotos e os objetos da cultura dele. Não pensou duas vezes antes de botar a camisa e sair sem dar satisfação nenhuma ao seu amante.
Debbie quase nem deu as caras, mas quando apareceu deu uma lição de moral em Karen. Fiona, sua irmã, está num dilema: é óbvio que ela sente algo por Tony. Ele é certinho, tem um emprego honesto e é responsável. Totalmente o contrário de Steve, que vive uma vida cheia de riscos e é geralmente salvo por seu amigo Jesus. Sim, Jesus o salva.
A trama principal do episódio foi a do casamento de Kevin e Veronica.
Primeiramente eles decidiram não se casar, mas quando a mãe de Veronica disse que seu marido havia deixado dinheiro para dar a filha quando ela se casasse, o casal mudou de idéia novamente. Depois Veronica chegou a conclusão de que não ia ter jeito deles se casarem pelo fato de Kev já ser comprometido. Por fim, Fiona da a idéia de um casamento falso. Eu achei que toda essa história ia durar, pelo menos, mais uns dois episódios. Mas é bom ver que Shameless cria arcos que não ficam se arrastando durante muito tempo.
No meio de tudo isso, somos apresentados a Marty, o irmão de Veronica. Ele sofre de síndrome de Tourette (uma doença caracterizada por tiques e espasmos) e de transtorno bipolar. Foi preso por botar fogo num shopping, e, faltando 18 meses para terminar de cumprir sua pena, fugiu da prisão para ver o casamento da irmã.
Pode ter parecido forçada, mas foi muito boa a sequência de Marty se trancando no quarto e ameaçando botar fogo no vestido de noiva da irmã. Veronica convenceu até a mim enquanto manipulava o irmão, fazendo-o sair do quarto. Prendê-lo no vaso que foi uma “puta falta de sacanagem!”. Ele pode ter vários problemas, mas aparenta ter um coração enorme. Até porque, quando conseguiu se livrar da privada, foi ao casamento e não fez estrago nenhum por lá.
Depois de uma incrível despedida de solteiro em que até Ian despertou o seu lado hetero, aconteceu o casamento. Para a surpresa dos recém casados, a quantia deixada pelo pai de Veronica era de apenas quinhentos dólares. Para a minha surpresa eles comemoraram o valor. A festa estava muito animada. É como Frank disse no primeiro episódio: “Podemos não ter muito, mas todos nós sabemos a coisa mais importante na vida... sabemos como fazer uma festa do caralho”. Achei muito legal o recurso de Carl com a câmera na mão. Tive a impressão de estar dançando ao lado do pequeno Liam.
No meio da festa, Frank pede a atenção dos convidados. Eu pergunto a vocês, qual seria o jeito mais Frank de pedir atenção num casamento? Atirando uma taça na parede! Que cena hilária, seguida do discurso, que para mim, pareceu sincero.
Padre: A bíblia é a Palavra de Deus.
Frank: Como pode ser a Palavra de Deus se foi reescrita por King James de geração em geração? Não faz o menor sentido.
Nos minutos finais, descobrimos aonde Marty foi parar. Li alguns comentários na internet, e parece que ele se tornará um personagem fixo na série, eu torço pra isso. Para finalizar, mais uma cena brilhante depois dos créditos. Eddie realmente não passa de um “asshole”!
Download das músicas do episódio aqui
Review do episódio anterior aqui
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